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1 de maio de 2015

QUAL O FUTURO DO PPCP?

O texto escrito pelo Diretor da Tirelog Marco Antônio de Oliveira neves, induz os profissionais do PPCP - Planejamento, Programação e Controle da Produção a uma reflexão interessante sobre o futuro da área. 

É comum em empresas de todos os segmentos e portes que o Planejamento não seja tratado com a importância que merece. Mas porque isso acontece? Acredito que seja pela sua complexidade, desconhecimento das técnicas utilizadas ou insegurança da média e alta direção que preferem utilizar seu feeling ou experiência profissional para projetar o futuro da empresa.

Planejar não é uma tarefa fácil, exige muito conhecimento, esforço, dedicação e preparo dos profissionais envolvidos. Neste contexto, é comum aparecer os "especialistas" que com uma boa conversa e persuasão apresentam soluções e idéias revolucionárias, convencem os tomadores de decisão e impõe a empresa a um laboratório de pesquisas, tentativas e erro.


Saliento aqui que remendar uma estratégia errada é pior do que fazer certo da primeira vez! Reflexão de uma frase dita por William Edwards Deming o papa da qualidade. 

Boa Leitura!

Prof. Geraldo Cesar Meneghello


A área de PPCP - Planejamento, Programação e Controle da Produção tem desempenhado, desde sempre, um importante papel dentro do processo produtivo.

Mesmo em empresas onde a área é posicionada  como uma "secretaria industrial", o  setor de PPCP exerce uma atividade crucial para o bom desempenho da fábrica. Através dela, é possível otimizar a capacidade fabril e garantir o atendimento do volume de vendas estimado.

A área de PPCP evoluiu timidamente ao longo dos últimos 40 anos, tendo vivenciado um pequeno salto há duas décadas com o uso intensivo das soluções integradas de gestão, conhecidas como ERP, que dentre as suas funcionalidades, disponibilizam o MRP (Materials Requirements Planning) e o MRP II (Manufacturing Resources Planning). Mais recentemente, soluções integrando previsão de vendas, capacidade produtiva e estoques, tentaram e continuam tentando dar um novo impulso à atividade de PPCP. O uso desses softwares de otimização ainda são restritos e em muitos casos, as empresas têm apresentado dificuldades em explorá-los devido à má qualidade dos inputs de vendas.

Em meio à hesitação de automatizar esse processo integrado, em função dos altos investimentos, e à possibilidade de substituir as atividades rotineiras do homem pelas máquinas, qual o futuro do PPCP?

Muitas empresas, dada a sua baixa complexidade em termos operacionais, continuarão fomentando o PPCP "coadjuvante", aquele que funciona muito mais como um mero suporte à fábrica, basicamente monitorando volumes previstos versus realizados, executando outras atividades também de cunho operacional, como a alocação das ordens de produção em seus respectivos centros de serviço, ou o cálculo do nível de rendimento de um determinado equipamento. Transformaremos os assistente e analistas de PPCP em exímios operadores de planihas Excel. Isso é pouco, muito pouco para quem deveria ter um P, de Planejamento. Mas, infelizmente, deverá ser a realidade de muitas empresas.

Outras, a princípio poucas, buscarão total automação das rotinas de programação e controle da produção, cabendo ao PPCP (agora sim com um P valorizado), um papel mais tático e estratégico. Por exemplo, caberá ao PPCP o planejamento da capacidade de longo prazo (5 ou mais anos adiante), a definição do número e localização de instalações fabris, a análise de questões fiscais e tributárias relacionadas a possíveis locais de instalação das fábricas, racionalização do layout fabril, etc. Em algumas empresas presenciaremos até o surgimento de Controllers da área de Materiais e Produção, engajados na preservação da estrutura do produto (bill of materials), no controle dos consumos, na redução do número de SKUs, no monitoramento do desempenho de seus Fornecedores de insumos produtivos, na redução dos estoques máximos e mínimos, na melhoria da qualidade da previsão de vendas, etc.

Outras empresas, em uma quantidade razoável, tentarão alavancar a área de PPCP, atribuindo-lhes papéis adicionais, mas falharão em não disponibilizar ferramentas adequadas e um ambiente favorável para a tomada de decisão, principalmente em função das sucessivas interferências da área de Vendas sobre o planejamento e a programação realizados.

Portanto, podemos esperar que nos próximos anos não teremos grandes novidades na área de PPCP para a grande maioria das empresas. Elas continuarão "empurrando seus problemas com a barriga", adiando para um dia qualquer a solução da causa raiz.

Continuaremos a desperdiçar horas e mais horas de nossos talentosos  profissionais de PPCP, com controles e mais controles, de coisas que programamos, desprogramamos e reprogramamos.


Por Marco Antonio Oliveira Neves, Diretor da Tigerlog Consultoria e Treinamento em Logística Ltda